sábado, 17 de abril de 2010

Justin Bieber Sucks

Abandonei a MTV faz um bom tempo. Antigamente, ligava a qualquer hora do dia e tinha chance de ver programas sobre música, além de ter acesso a pérolas como South Park, Hermes e Renato e Piores Clipes.
Não, não sou um homem saudosista a ponto de ignorar as falhas da emissora. Havia muitas na época, mas pelo menos nem tudo que aparecia na tela podia ser vendido com um clique da porcaria do seu celular.
Quer saber se seu pretendente beija bem? Envie o nome dele(a) para um número qualquer e pague uma quantia modesta para saber o resultado.
Parece que as experiências podem ser adquiridas por meio de alguma outra coisa que não seja vivenciá-las, e acho que os jovens perdem muito com isso. E perdem também muito ao assistir clipes de um moleque extremamente xarope, Justin Bieber. Pelamor, ele é insuportável.
Nesse mundo em que qualquer idiota com apadrinhamento se torna uma estrela do rock, tudo realmente pode ser comprado. Menos uma coisa: meu silêncio. A não ser que me paguem bem, é claro.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Scrap Metal Artist

For dramatic purposes, I´ll unnecessarily drag this corpse behind the couch so people will wonder for a split second what the hell is going on.

Antes que digam que não há muita coisa a dizer em uma sexta-feira, e por isso inventei bobagens aleatórias, peço paciência. O período acima trata da dicotomia suspensão de descrença x verossimilhança, e queria abordá-la aqui. Além do mais, quem assistir ao episódio de Supernatural Dead Men Don´t Wear Plaid entenderá do que falo, e constatará que meu enunciado em inglês não é tão nonsense assim.

Qualquer pessoa só poderá obter alguma fruição de uma narrativa se se desligar da realidade imediata e aceitar os termos propostos pela obra. Isso se chama suspensão de descrença. No entanto, as proposições têm que seguir algumas regras impostas tacitamente, a fim de não ferir a verossimilhança.

Se não nos espantamos ao ver o Super-Homem voando pelos ceús de Metrópolis em um filme ou nas HQs, isso não quer dizer em absoluto que aceitamos algo inverossímil. Não, pois as regras daquele universo em particular permitem que voos de pessoas aconteçam. No entanto, se vîssemos o Homem de Aço matando várias pessoas com seus poderes kryptonianos, aí sim haveria uma profunda sensação de estranhamento. O Super-Homem não mata. Ponto. Esse é o limite da suspensão de descrença.

No mundo real, as pessoas matam umas às outras. Ouvir que os Nardoni mataram a menina Isabella nos surpreendeu e chocou por alguns dias, até começarmos a contar piadas a respeito. Os homens não voam, não têm super-força e nem salvam vidas.

Quero trocar de mundo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Alunos Nacionais Amigos das Letras

Alguns pensam por meio de acrósticos:

A lunos
N acionais
A migos das
L etras

Ou por meio de acrônimos, que são palavras formadas pelas letras ou sílabas iniciais de palavras sucessivas de uma locução, ou pela maioria destas partes: Anal.

Sim, a falta de elegância tem sido uma constante em minha vida. Por favor, deixem essas pedras cruzes e e cravos de lado. Eu tenho um objetivo com tudo isso: mostrar como eu, afinal, penso.

Estou matriculado em uma disciplina chamada Variação e Mudança Linguística. Li ontem um texto de sua bibliografia proposta sobre a obra de William Labov, linguista norte-americano, e me deparei com algo que já sabia intuitivamente: as mudanças sociais acarretam mudanças na língua. Isso é mais notado em seu léxico do que em seus outros constituintes, como os fonológicos, morfemáticos, etc.

O lexema anal, por exemplo, era meramente um adjetivo que "orientava delimitativamente a referência a uma parte do denotado. " (BECHARA, 2009). Agora, ele aparece muitas vezes substantivado, significando coloquialmente sexo anal.

Eu? Eu penso por meios linguísticos.

Agora eu voltei.

Post Scriptum: Sei que poderia ter escolhido outra palavra que exemplificasse tudo o que eu queria, mas estou com uma vontade enorme de mandar várias pessoas tomarem naquele lugar hoje.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Debacle Casoy

Video. Significa "eu vejo" em Latim. Grafada com V, mas prounciada "uideo". Deu origem ao nome do formato de transmissão de imagens sequenciais rápidas, mais ou menos 24 quadros por segundo.
Depois dessa liçãozinha boba (na qual você foi letrado/a, não se esqueça), abordo aqui outro acontecimento nada bobo: o vídeo em que o apresentador Boris Casoy, em um descuido da equipe de produção que deixara o microfone ligado durante a vinheta do Jornal da Band, ironizou as felicitações de ano novo de dois garis.
Quem sou eu para dar lição de moral em quem quer que seja? Casoy tem lá suas crenças e valores, talvez até seja um homem razoável em algum nível. Eu, porém, não consigo imaginar que fizesse o mesmo que ele em uma situação parecida. No alto de minha mediocridade, não ofenderia pessoas que despertam, pelo menos em mim, aquele nível de simpatia.
Estamos falando exatamente disso: da ligação que temos com outros seres humanos, desse elo que nos faz sentir coisas tão díspares quanto amor e ódio. Mesmo no mais alto grau da escala do trabalho, ainda é possível para um homem vicenciar proximidade com outro, compaixão, empatia. Essa característica nos torna o que somos e, no fim do dia, mesmo com frustrações de toda ordem e outras chateações, ainda vemos algo reconhecível como humano no espelho.
Os garis irão processar o jornalista, que pediu desculpas públicas. Blogueiros e jornalistas e comentaristas e desocupados como eu trataram do caso exaustivamente de diferentes maneiras, e tudo será esquecido daqui a algum tempo. Mas, no teste que define a humanidade de um indivíduo, Boris Casoy falhou.
Pior para ele.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Inícios

Em algum mês do primeiro semestre de 2009, comecei a assistir a uma série de televisão intitulada How I Met Your Mother. Dela emprestei e adaptei um bordão proferido por um de seus personagens, Marshall Eriksen: toda vez que ele, advogado em início de carreira, se vale de sua retórica para desmentir alguma estatística ou fato forjados por outro personagem, pode-se ouvir um triunfante grito subsequente: Lawyered! Isso não tem tradução, a não ser que se ofereça o neologismo "advogadado" como alternativa para a explicação que proponho: Lawyered significa que o método de argumentação típico de um advogado foi usado para a sobrepujação de seu contendedor. Complicado e rebuscado demais? Pudera, sou um entojado estudante de Letras. Brincadeira. Lawyered significa, e agora essa é minha proposta séria, apesar de completamente informal, perder para o advogado.
Exemplo:
- É mais demorado seguir por essa rua.
- Não. Ela converge justamente no sentido em que vamos, enquanto a outra, embora também paralela, não. Perdeu para o advogado, playboy.
Muitíssimo bem. "Você foi letrado", em minha cabeça insana, é uma extensão desse conceito, e serve para irritar amigos quando algum deles comete um erro gramatical em suas falas ou quando se explica algo relacionado ao mundo das Letras. Fiz isso com vários deles, sendo que dois ou três adotaram o bordão e adicionaram-no a seus vocabulários. Ah, e eu também já fui letrado.
Agora, na aurora do Novo Ano, resolvi fazer um novo blog, mais acessível que meu outro no domínio Mindsay. E que melhor nome para dar a ele do que um fruto meu, mesmo sendo bobo e um pouco pedante?
Não vou, porém, distribuir lições de morfologia, sintaxe ou fonética nesse espaço. Embora muito úteis, essas nobres disciplinas têm lugares ainda mais nobres reservados a elas. Além do mais, espero ser pago algum dia para ministrá-las, então vou guardando tudo que posso na cachola para o momento apropriado. Quem quiser saber sobre minha vida e ler diversos contos, ensaios e bobagens que escreverei aqui, continuem ligados.
Vocês foram, e espero que continuem sendo, letrados.